Proibido, de Tabitha Suzuma

Mesmo correndo o risco de achar esta leitura totalmente repulsiva, posso afirmar com todas as letras que este é um dos melhores livros que eu já li na vida e que vale a pena arriscar-se

 

Título: Proibido
Autora: Tabitha Suzuma

Tradutor: Heloísa Leal

Páginas: 304

Ano: 2014

Editora: Valentina

ISBN: 9788565859363

Avaliação:  ★★★★★ | Excelente.

Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã.

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Meu coração está despedaçado! Não é brincadeira, eu estou perdido e não faço a mínima ideia de como começar a escrever — mesmo que ainda não consiga expressar em sua totalidade — o quão intenso e avassalador este livro é. É extramente difícil transcrever nestas poucas linhas como essa leitura foi magnífica e como proporcionou horas fascinantes de leitura. Claramente, o primeiro ponto é: desista de ler a resenha. Não, você não leu errado. Digo isso pelo fato de que, caso você saiba sobre o tema central do livro, talvez já crie um pré-conceito ruim e desista de lê-lo. Então, como eu vou ler um livro que eu nem ao menos sei do que ele trata? Simplesmente leia. Leia porque é incrível, leia porque a autora te emocionará de uma maneira que poucos consegue, leia porque um romance encantador de Maya e Lochie e isso basta, é tudo o que você precisa.

Se você está lendo este parágrafo é porque não ouviu o meu primeiro conselho, então quer dizer que está pronto e de mente aberta para o tema proposto pela autora, certo? Em Proibido, a autora nos apresentará a Maya e Lochan. Depois do abandono de seu pai, a mãe de Lochan aparece cada vez menos em casa e quando dá o ar da graça, está completamente bêbada ou se arrumando para sair com seu novo namorado. Lochan, por ser o mais velho entre os cinco irmãos, acaba cuidando deles para que o Serviço Social não separe-os. Ele conta com a ajuda de Maya, sua irmã treze meses mais nova. Eles juntos cuidam da casa, levam os mais novos à escola, preparam a comida, eles sempre foram mais que irmãos, eram parceiros. Lochan e Maya aos poucos começam a sentir que esse sentimento de parceria está se tornando algo mais forte e intenso, um sentimento que eles não conseguiram domar.

Eu me recuso a permitir que um rótulo do mundo exterior estrague o dia mais feliz da minha vida. [...] O dia em que finalmente nos libertamos das nossas amarras e demos vazão aos sentimentos que havíamos negado por tanto tempo, apenas porque por acaso somos irmão e irmã.

Lochan é um garoto de apenas 17 anos mas que já carrega a responsabilidade de manter uma casa, uma família. Extremamente amável, dotado de uma inteligência excepcional e é, segundo as garotas, muito atraente. Mas não peça para que ele levante a mão e pergunte algo durante a aula, porque ele entra em pânico e não consegue nem ao menos raciocinar direito. Maya é uma garota doce, sensata, sensível e muito encantadora. Pela pouca diferença de idade, Loch e Maya dividem as tarefas e mantem todos os irmãos unidos, mas a verdade é que eles nunca se viram como irmãos, eram parceiros e mais tarde, começam a se ver como almas gêmeas.

Pode parecer estranha em uma primeira instância — com certeza parecerá —, mas a autora entrará no romance de fato quase no metade do livro. Nas páginas que precedem o romance, ela nos mostrará aos poucos os pequenos acontecimentos — como surpresas no meio da aula, um jantar "em família", as brincadeiras — que só comprovam ainda mais a ideia de que eles realmente foram feitos um para o outro.

Você pode fechar os olhos para o que você não quer ver, mas você não pode fechar seu coração para o que você não quer sentir.

Loch e Maya, assim como qualquer ser humano, também não acham um relacionamento desses uma coisa normal. Assim que eles começam a se envolver, ele próprios começam a indagar em diversos aspectos sobre esse tipo de relacionamento: é crime? Quais as consequências nos filhos? Quais as consequências nos seus irmãos? Como sua melhor amiga lhe olharia? Como posso ficar excitado com a ideia de acontecer algo com a minha própria irmã?

Há um momento que Maya pensa na possibilidade de atar um relacionamento com seu outro irmão e acha isso completamente nojento. O problema é este, ela e Lochan nunca se viram como irmãos. Eles só querem entender por que é tão errado duas pessoas se amarem? Todas as formas de amar não são realmente válidas?

Vamos combinar, tudo isso é muito doentio. Talvez o resto do mundo tenha razão. Talvez nós sejamos só dois adolescentes desajustados, emocionalmente perturbados.

Antes de iniciar a leitura, assisti ao vídeo em que a autora fala um pouco mais sobre este livro e uma frase despertou minha atenção, quando ela dia "Eu não escrevi Proibido para mudar o opinião de ninguém". É exatamente isso que você tem que ter em mente, você não precisa achar certo mas precisa ler o livro de mente aberta, ser menos crítico e sensato para conseguir abrir o coração para um tipo diferente de romance. Se você fizer isso, com certeza se surpreenderá!

E Deus, que desfecho incrível foi aquele? A autora despedaçou meu coração em milhares de pedacinhos. Você simplesmente não consegue acreditar nas palavras que estão impressas ali naquele papel, não consegue entender como apenas palavras possam transmitir um sentimento tão forte e verdadeiro como a autora conseguiu fazer. Ainda estou atônito com todos os acontecimentos.

Passo a maior parte do tempo rindo de piadas de que não acho a menor graça, dizendo coisas que não penso nem sinto — porque, no fundo, é o que todos estamos tentando fazer: nos adaptar, de um jeito ou de outro, fingir desesperadamente que somos todos iguais.

A editora Valentina mais um vez traz uma capa maravilhosa, que condiz com o enredo e é mais do que um simples coração de arame farpado como as demais edições. Na diagramação, podemos observar abas, folhas amarelas sendo que no cabeçalho podemos ver o detalhe de arame, letra e margem de um tamanho regular porém apropriado e tradução e revisão foram feitos com bastante cuidado.

E se mesmo depois de ler a resenha você achar que está pronto para se emocionar com essa história, então mergulhe de cabeça. Não pense que este será mais uma leitura que você julgará como mediana ou mesmo sem graça, esse com certeza é um daqueles livros que ou você morrerá de amores ou o detestará, definitivamente não há meio termo quando falamos sobre as emoções que essa leitura proporciona. Mesmo correndo o risco de achar esta leitura totalmente repulsiva, posso afirmar com todas as letras que este é um dos melhores livros que eu já li na vida e que vale a pena se arriscar!

SOBRE A AUTORA

Tabitha Suzuma nasceu em Londres, a mais velha de cinco irmãos. Frequentou uma escola francesa na Inglaterra, tornando-se bilíngue. No entanto, detestava a escola e sentava no fundo da sala, escrevendo histórias, o que os professores só permitiam por achar que estivesse tomando notas. Aos quatorze anos, Tabitha abandonou os estudos, contra a vontade dos pais. Continuou sua educação através de cursos a distância e foi estudar Literatura Francesa no King's College, em Londres.