Quando a morte conta uma história você deve parar para ouvir.

Título: A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak
Páginas: 494
Ano: 2007
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5 estrelas
Sinopse: A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

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Que este livro virou um fenômeno mundial é inegável, foram mais de dois milhões de exemplares vendidos apenas no Brasil. E em breve, também poderemos acompanhar essa história nas telonas dos cinemas de todo o mundo. Com tanto sucesso, tem como não criar as expectativas com essa leitura? Acho que não.

Ninguém pode contestar que a maioria dos que leram ou pelo menos tentaram começar acharam o começo péssimo. Comigo não foi diferente. É chato, é monótono e em momentos me pegava devaneando no meio da leitura, o que fez com que eu abandonasse o livro.

Depois de um abandono temporário, resolvi retomar a leitura do ponto em que havia parado e simplesmente houve uma melhora súbita e intensa que me prendeu até o final – que, diga-se de passagem, perfeito, mas falaremos dele ainda.
Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.
Se o começo desanima qualquer leitor, garanto que (POSSÍVEL SPOILER! Se você já leu as outras sinopses não será um spoiler) com a chegada do judeu Max, tudo muda. Ele não só traz uma emoção a mais, já que, a história se passa durante o período da Alemanha nazista o que era um ato totalmente proibido, ele também traz consigo uma magia, uma forta amizade que as páginas parecem ter vida própria e passarem sem ao menos que você perceba.

Claro que ninguém resiste ao charme que a loirinha Liesel exala. Ela não é só simples e doce, mas ao mesmo tempo é sempre bastante impulsiva e inocente. Também temos o pequeno Rudy que impressiona qualquer um que, durante toda a trama ele vai te conquistando com aquele jeito todo galã de ser. E não é só ele, até mesmo a mãe adotiva de Liesel toda carrancuda e arrogante e seu pai todo amoroso e cuidadoso. No departamente "Criando personagens apaixonantes" o Markus Zusak domina.
A menina não o produzia com freqüência, mas, quando ele surgia, seu sorriso era faminto.
Além do mais, aos poucos você vai se acostumando com a narrativa diferenciada do autor. A verdade é que eu amei todas as anotações, os desenhos e cada frase que virara um quote favorito. Como a morte é a nossa narradora o tempo todo, o autor consegue nos mostrar como uma personagem tão peculiar poderia ser tão boa narradora. Não consigo imaginar esse mesmo livro sendo narrado por outro personagem.

Um dos pontos que eu mais gostei foi que, mesmo se passando na Alemanha nazista, o autor não precisou de um protagonista judeu para criar o drama e emocionar o leitor. Em outros livros em que se passam na mesma época, vemos autores especulando histórias sobre os judeus, já neste livro o autor consegue nos emocionar e muito – com uma menina alemã, o que para mim foi uma bela maneira de conquistar o leitor.

E o desfecho foi incrivelmente fantástico! Eu não tenho palavras para falar o que senti ao ler aquelas páginas. Não, não estou exagerando. Eu já esperava que fosse um final triste, mas o Markus arrebentou meu coração, não esperava um final daqueles de forma alguma. Foi tão inesperado e intenso e profunso que ele ganhou com toda certeza mais um leitor super fã dele.
Não ir embora: Ato de amor e confiança.
A diagramação – assim como os outros da editora – é maravilhosa. As folhas são amareladas, as notas que o narrador faz sempre vem em destaque, há alguns desenhos que são parte da história em belas ilustrações e a capa condiz com o conteúdo.

Por mais que muitos ao começarem ler o livro se desanimam com o começo arrastado e monótono, aposto com todos que ao chegar ao fim se surpreenderão com a alemãzinha Liesel. Além de um dos favoritos do ano passado, um livro altamente emocionante.

Esta resenha faz parte do Desafio de Livros e seus Filmes 2014, se você ainda não conhece clique aqui. A ideia é postar a resenha ainda um dia antes do lançamento do filme, porém como a data de estreia está como dia 17 mas não encontro o filme nos cinemas ainda, postei um pouco atrasado (ou muito adiantado, no caso da estreia ser dia 31).

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Markus Zusak nasceu em 1975 e mora em Sydney, na Austrália, com a esposa e os dois filhos. É autor de cinco livros, incluindo A garota que eu quero e Eu sou o mensageiro, recebeu o Prêmio Livro do Ano para Leitores Mais Velhos, concedido pelo Conselho Australiano de Livros Infantis.

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